Dica de Livro: "Nem Tudo Que Voa é Pássaro", de Valéria Rezende


"Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão." - Chico Buarque

O poeta e o filósofo têm muito em comum. A particularidade mais manifesta entre os dois é a curiosa habilidade de contemplar tudo aquilo que passaria despercebido para a maioria das pessoas. Não que apenas os poetas e os filósofos sejam capazes de observar nas entrelinhas. Mas, ambos exercitam essa visão diferenciada de mundo com tanta frequencia, pra não dizer sempre, que respiram e transpiram admiração.

Particularmente, amo a poesia. Com ela, diz-se tanto, com tão pouco. A mente viaja com apenas algumas linhas de uma setença abstrata. Como disse o filósofo iluminista francês Voltaire, “um mérito inegável da poesia: ela diz mais e em menor número de palavras que a prosa”.

Enfim, existem tantos motivos pra afirmar que o mundo precisa de poesia. Talvez o principal deles é que a maioria de nós vive de forma automatizada. Os pequenos detalhes raramente são captados por nossos olhos, porque, geralmente, estão voltados para as telas, para as pequenas e grandes telas, espalhadas por todo lado! E, livros como Nem Tudo que Voa é Pássaro, de Valéria Rezende, editora Katzen, nos convidam a olhar para as infinitas possibilidades. Lançando o apelo sutil, embora evidente, de que a vida real não seja desperdiçada.


A obra é uma coletânea de poemas, da qual tive o imenso prazer de escrever a primeira orelha e a sinopse de capa. Os versos da autora Valéria Rezende são, ora doces, ora intensos, com uma beleza ímpar, que faz a gente fluir pelas páginas com o coração inebriado e a imaginação ativa.

A autora, que é doceira, consegue extrair beleza do que poderia ser corriqueiro, de forma alquímica! Como a querida e saudosa Cora Coralina (que também era doceira), transforma o simples em beleza rara. A beleza essencial que o mundo precisa!

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